O Brasil é um dos 26 países no mundo que têm laboratórios síncrotron. No Hemisfério Sul só o Brasil tem uma fonte de luz síncrotron. Isto mostra a importância deste laboratório para o nosso país e explica, também, porque o LNLS (Laboratório Nacional Luz Sincrotron) também recebe pesquisadores não brasileiros.
O Laboratório fica na cidade de Campinas, no estado de São Paulo, e seu equipamento está em uso desde 2 de julho de 1997. Foram necessários nove anos de trabalho para desenhar e construir a fonte de luz sincrotron. O mais interessante, é que o laboratório foi construído por uma equipe de cientistas brasileiros, e a equipe tem total domínio sobre a fonte de luz síncrotron. Hoje, graças a esta competência, o LNLS fabrica componentes para outros laboratórios síncrotron, por exemplo. A equipe brasileira não depende de ninguém para fazer funcionar a fonte de luz síncrotron e mantê-la sempre atualizada tecnologicamente.
No LNLS, cientistas fazem pesquisas para ampliar o conhecimento sobre os átomos e as moléculas. Todos os materiais são feitos de átomos e moléculas. Logo, os cientistas querem entender cada vez mais os materiais, em especial as propriedades microscópicas destes. Ao recorrer ao LNLS, os pesquisadores encontram aqui um potente instrumento - uma fonte de luz síncrotron. No LNLS há também microscópios muito potentes, também utilizados por cientistas com o objetivo de investigar propriedades e características de átomos.
Para que servem as pesquisas feitas no LNLS?
O equipamento gera uma potente energia, que abrange quatro faixas do espectro eletromagnético: a parte do visível (que o olho humano é capaz de ver) e três outras faixas que a visão humana não percebe: o raio-X, o raio ultravioleta e o raio infravermelho.
Com raios-X, por exemplo, cientistas conseguem "ver" muitas características de materiais. Assim como é possível, com determinado tipo de raios-X verificar uma fratura no osso, com raios-X mais potente é possível descobrir características de átomos ou moléculas, que são os ingredientes existentes em todos os materiais. O raio infravermelho e o raio ultravioleta também se prestam para estudar inúmeros materiais. O objetivo é gerar conhecimentos que poderão servir para construir novos materiais ou novos medicamentos, por exemplos. Cada vez mais, no século XXI, o homem irá manipular os átomos, fazendo um tipo de engenharia muito avançada. Com o LNLS, o Brasil está nesta corrida.
O futuro
Ano passado, a direção do LNLS anunciou a construção de uma nova fonte que se chamará Sirius. Considerada de 3ª Geração, essa fonte será maior e mais potente do que a atual, contará com 3 GeV de capacidade energética, e será equivalente às fontes ALBA (Espanha) e Diamond (Reino Unido), e superior à fonte Soleil (França), que conta com 2,75 GeV.
Essa é uma porta aberta para colocar o país no páreo de uma tendência mundial, que é utilizar esse tipo de luz para auxiliar diversas pesquisas científicas e industriais, estimulando assim o desenvolvimento de novas tecnologias. Com esse tipo de luz, o Brasil poderá ser um importante colaborador e até mesmo galgar o protagonismo nos mais variados tipos de investigações no mundo, como o desenvolvimento de fármacos inteligentes, que ajudariam com mais eficiência no tratamento de diversas enfermidades. Para ajudar nesse tipo de pesquisa o LNLS mantém centros de pesquisas associados, como o Centro de Biologia Molecular e Estrutural (CEBIME) que em conjunto com o Instituto Butantan desenvolve um estudo que investiga a estrutura de uma proteína que é sintetizada pelo parasita Schistosoma mansoni, responsável pela esquistossomose. Elucidar a estrutura desta proteína vai abrir perspectiva para o desenvolvimento de uma vacina contra a doença.
Animação gráfica da nova fonte sincrotron "Sirius"